Errar E Aprender

Errar E Aprender

Há dias li o que o meu colega Carlos Matias escreveu sobre os primeiros meses no mercado de trabalho e achei tão interessante que decidi fazer o mesmo exercício: olhar para trás e analisar em perspetiva aquilo que aprendi nos últimos meses; até porque, onde há bom e mau, há que louvar e que repreender.

Under promise, over deliver

Este é, talvez, o melhor ensinamento que aprendi nos últimos tempos. Ok, é verdade, que ao longo de vários anos de percurso académico me ensinaram isto, porém é daquelas coisas que realmente só aprendemos com as vicissitudes da vida empresarial.

Os imprevistos acontecem (prefiro a versão inglesa shit happens). Várias vezes. Das formas mais ridículas e inesperadas que se possa imaginar. E isso não significa que tenhamos falhado. Aliás, errar é uma fase bastante importante no processo de aprendizagem! Mas atenção. Sempre gostei da velha máxima “errar é próprio do homem, mas persistir no erro é coisa de tolos”.

E aprender a estimar de forma a criar um compromisso sério e fiável não é tarefa fácil… Muito pelo contrário. É incrível a dificuldade que temos em conseguir previsões próximas da realidade, muito principalmente por subestimar o desafio (ou sobrestimar a nossa capacidade). Resumindo: aprendi que nunca se deve dizer “isso é só…”. Raramente é isso.

Não me quero alongar muito nesta tema, até porque este artigo diz tudo.

Trabalhar mais horas != Obter mais resultados

Não quero convencer ninguém que encontrei a fórmula mágica da produtividade ou que há apenas uma solução para este problema que tantas empresas se debatem. Não é que não desconfiasse já da conclusão que retirei, mas faltava-me “ver com os meus próprios olhos”. E pouco ou nada me resta de dúvida: trabalhar mais horas não aumenta a produtividade, muito pelo contrário.

Admito que não tenha dito nada de novo e que tal afirmação possa ser total banalidade. Porém, é incrível como esta é das regras mais frequentemente quebradas e tão facilmente violada. Mas como não considero que este assunto seja tão linear como aparenta, deixem-me acrescentar que já quebrei por várias vezes esta regra. Mas aconteceu pelo facto de estar tão (qual é a palavra correta) compenetrado no trabalho, que nem dei pelas horas passar. Verdade. É daquelas situações em que o trabalho não “sabe” a trabalho, em que me divirto e tenho prazer em “trabalhar”. É a parte positiva de trabalhar em algo que gosto.

A faculdade não foi tempo perdido

Sempre ouvi o típico clichélembras-te do que aprendeste na faculdade? esquece tudo e sê bem-vindo ao mundo do trabalho” com um quê de cepticismo e desconfiança. Sempre me soou contraproducente que uma boa parte daquilo que passei os últimos 5 anos a aprender não tivesse aplicabilidade prática. E hoje reitero o que tenho dito nos últimos anos: só assim pensa quem não aprendeu nada na faculdade. Do trabalho se colhe os frutos, certo?

E sim, concordo quando se discute que o plano de estudos do curso é desadequado. E sim, concordo com a opinião geral que nos primeiros meses de trabalho vou aprender mais que nos últimos 5 anos de faculdade. E sabem porquê? Primeiro porque era suposto isso acontecer. Ou alguém pensava que se ficava por ali? Que nunca mais iria ter que ler nenhum livro, ou artigo, ou blog, ou o que fosse? É suposto o processo de aprendizagem ser contínuo, por vários e longos anos (até que a morte nos separe!). Em segundo lugar, isso só acontece devido às bases que os 5 anos anteriores nos deram e aos diversos conhecimentos que vamos adquirindo. Em terceiro lugar, porque o foco da aprendizagem a nível académico são as boas práticas, a engenharia de software e não propriamente a tecnologia X ou a framework Y. E, como dizia um professor meu, “um engenheiro tem uma caixa de ferramentas à sua disposição e é tão importante saber usar as ferramentas, como saber quais e o porquê de as usar”.

Talvez escreva mais sobre isto num próximo commit. Para já, subscrevo as palavras do Gabriel.

O talento vence jogos, mas só o trabalho de equipa ganha campeonatos

Se tiverem a mesma sorte que eu, este assunto, na verdade, é um não-assunto. Não só tenho a honra de poder trabalhar com os melhores, como tenho a sorte de fazer parte dessa mesma equipa. Não significa que exista uma “equipa de elite”, mas sim que existe plena confiança com quem trabalho e que os vejo como um modelo a seguir. E não é só (mas também) no aspecto técnico que os venero, mas também na abertura e boa disposição que tenho o prazer de lidar diariamente.

Sinceramente, penso que isto é algo que muita gente despreza na procura por um novo desafio. É normal filtrarem-se as hipóteses de emprego pelas tecnologias que vamos trabalhar, mas é muito raro filtrar-se a equipa que se vai integrar e as pessoas que a constituem. Felizmente tive a oportunidade de integrar um ambiente e uma equipa da qual me posso orgulhar.

E se o meu patrão me estiver a ouvir…

comments powered by Disqus