Este é o primeiro post sobre padrões de scrum (sim, leram bem). O Gabriel ainda me tentou impedir, mas o commit já estava feito…
Imaginemos uma equipa de scrum. Essa equipa depende largamente do “João”. O “João” faz três vezes mais trabalho que qualquer outro membro da equipa, é um membro respeitado e a gestão confia na sua experiência e know-how para cumprir os objetivos. O “João” é, resumindo, o herói da equipa.
Infelizmente, a equipa depende deste herói que, para cumprir os objetivos nos tempos estipulados, não tem tempo (ou paciência) para servir de mentor aos outros membros, não os ajudando a evoluir e a melhorar. A equipa vive na sombra do herói. Isto significa que, na verdade, apesar da equipa estar a cumprir os objetivos, esta não está a aproveitar o seu potencial, porque a sua dependência no herói não dá espaço aos outros membros para “crescerem”.
Assim, o ScrumMaster deve remover o herói da equipa para que o resto tenha a luz necessária para florescer.
Sim, exatamente. Pode parecer contra-intuitivo, mas o padrão “Remove the Shade” existe mesmo.
Obviamente esta não é uma decisão fácil, dado que:
- Pode ser difícil convencer a gestão a remover o melhor elemento da equipa (“em equipa que ganha, não se mexe”). Principalmente em alturas críticas.
- O herói pode-se sentir injustiçado por não ver o seu trabalho reconhecido.
- O herói pode ter a sensação que está a ser “despromovido”.
- As equipas de scrum devem-se manter estáveis de forma a manter a privisibilidade do seu trabalho.
Uma falha de interpretação, ou falta de confiança, por parte do ScrumMaster na decisão tomada (e a baixa produtividade num período inicial), pode levar a que, facilmente, esta decisão seja revertida, voltando-se ao problema inicial.
Esta decisão deve ser consciente por parte do ScrumMaster, dado que, durante um período inicial, a produtividade da equipa irá descer, enquanto esta “aprende” a enfrentar a tempestade. Tudo isto significa que o ScrumMaster deve ter os soft-skills necessários para lidar com os vários conflitos que podem emergir desta situação. Pode, talvez, ser a altura para intensificar a sua “veia” de cheerleader de forma a manter, quer o herói, quer a restante equipa, motivados. Resumindo: o ScrumMaster deve ser o catalizador que permite à equipa superar esta nova fase.